domingo, 19 de dezembro de 2010

Reflexões de uma vida insegura - Parte I

Maria, como tantas outras, acordava invariavelmente às 8 horas e escutava deliciada aqueles breves momentos antes do sol se pôr a que poeticamente se baptizou de crepúsculo.
Maria não era, que se conste, como tantas outras, vampira. Nem caixa de supermercado.
Maria, como tantas outras, vivia de noite; e da Lua fazia sua melhor amiga. Sua companheira de bailado, numa suave dança de ossos, abraçavam-se como que unidas para sempre. Juravam fidelidade. Que melhor companheiro se pode ter à noite???!!! Maria, como tantas outras, não se imaginava a dançar com o Sol. Para ela a harmonia da vida, a certeza de um porto de abrigo, companheirismo e amparo, só o luar lhe endossava.
Maria, como tantas outras, não era prostituta nem dividia o que de mais íntimo possuía... nem com a Lua.
Maria, ao contrário de tantas outras, hoje acordou e por momentos finitos sentiu-se rodeada de espelhos de luz. Reviu as memórias da sua vida e em serenidade certa ficou que um vazio teimava em tomar o seu lugar na dança com a Lua.
Maria poderia ser qualquer uma.
Maria, poderia ser eu.

2 comentários:

poesias maria do carmo disse...

GRANDE TEXTO,BELÍSSIMO,PARABENS E UM FELIZ ANO NOVO PRA VC.

Octávio Pimentel disse...

Obrigado Maria do Carmo. Um bom ano 2011. Bjis