Depois de tantos e-mails, noticías e artigos diversos, perdoem-me a minha imodéstia ao escrever este artigo que pretendo seja uma opinião sobre o contexto e o que, tão pomposamente, se chama de: Ano Europeu do Voluntariado. Prometo não ser muito chato...
"Sê voluntário!"
Com o objectivo de uma cidadania mais activa, a União Europeia destacou este ano como sendo o ano do voluntariado. Segundo dados do Eurobarómetro, existem cerca de 100 milhões de voluntários no espaço comunitário da União Europeia. Número este, no entanto, insuficiente face aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio http://www.objectivo2015.org/inicio/index.php
A UE pretende que neste ano em particular e em colaboração com os estados membros e autoridades locais e regionais, se reforcem os apoios e condições para a prática do voluntariado. Destas destaca-se o aumento da visibilidade das actividades de voluntariado, procurando motivar novas adesões e apoios, publicitando-se a importância deste tipo de intervenção social. Poder-se-á desta forma aumentar, mas acima de tudo consolidar, a participação cívica em particular e as actividades interpessoais em geral.
Ao nível das organizações a intervenção das autoridades deverá ser reforçada ajudando a criar condições para a prática do voluntariado: desenvolver novas actividades; criação de redes; mobilidade; cooperação. Procurar ainda, o aproveitamento de sinergias.
Motivar a participação passa também pelo reforço de quem já é voluntário, seja ao nível individual seja ao nível associativo. Reconhecer as diversas actividades, como forma de encorajamento, atribuindo incentivos adequados de acordo com os projectos desenvolvidos e efectiva importância social dos mesmos. Estes incentivos deverão ser extensíveis aos cidadãos em particular. Não necessariamente incentivos financeiros, poderia este reconhecimento e apoio verificar-se ao nível da legislação do trabalho ou ao nível do Imposto de Rendimento criando-se por exemplo o conceito de horas de voluntariado o qual serviria para majoração dos benefícios fiscais.
Numa perspectiva institucional, pretender-se-á a promoção de uma cidadania mais activa.
Ser voluntário, digo eu:
Podemos relevar esta forma de estar a diversos níveis. Genericamente é fácil perceber que o investimento do nosso tempo livre em acções direccionadas para e com a comunidade onde estamos inseridos, reforça os valores fundamentais de solidariedade e coesão social.
Num artigo de opinião, a cidadã Patrícia Ferraz (voluntária) escreve: "Contrariamente ao que se pensa, ser voluntário não é uma forma de ocupar o tempo livre, fazer novos amigos, obter benefícios pessoais, um acto de caridade e muito menos uma forma de mão-de-obra barata."
Permito-me utilizar esta frase para desenvolver a seguinte ideia, tão simples quanto isto:ser voluntário é dar, esperando nada receber. Utilizando uma máxima do movimento Lions Internacional: Servir e não servir-se. Sendo este um princípio a ter-se sempre presente, não é de todo incompatível encontrar-se no voluntariado aquele ou aquela que poderá ser o nosso melhor amigo ou aquele ou aquela que poderá ser o nosso companheiro para o resto de uma vida.
E o que temos para dar? Acima de tudo o nosso tempo; um activo cada vez mais escasso. Escasso e raro seja, por factores exógenos - numa época em que o Homem vive cada vez mais para si, se afasta da sociedade, se individualiza e é mais egoísta; numa época em que cada vez temos menos tempo para nós, não temos tempo para os outros - ou por factores intrínsecos a cada um de nós - porque preferimos outro tipo de actividade; não vemos no voluntariado uma forma de nos satisfazer e preencher interiormente.
Ser voluntário é oferecer algum do nosso tempo a alguém que precisa, onde num acto de solidariedade, poderemos oferecer compassivamente saber, criatividade, companhia, amizade, afecto e amor.
Ser voluntário é responsabilidade num compromisso assumido, mesmo que isso acarrete algum sacrifício: constância, pontualidade, comprometimento. O voluntariado não pode ser uma ocupação ocasional, que se faz quando se quer ou quando se está de bom humor. Há sempre alguém à nossa espera.
A entrega e forma desinteressada do voluntariado é recompensada em dobro: em cada sorriso, em cada olhar, em cada abraço.
Para quem conseguiu ler este meu escrito até ao fim, obrigado pela pachorra.
E termino com uma frase da comissária da UE para a justiça, Viviane Reding:
SER VOLUNTÁRIO É FAZER DO NOSSO MUNDO UM LUGAR MELHOR